Editorial: The music stops in Brazil

It’s not long since Brazil was considered a powerhouse, host to the Olympic Games and a model for emergent economies.

Today, the country is flat broke, unable to meet its financial obligations on any level – including the cultural field.

Yesterday, the San Pedro Opera House in São Paulo sacked two-thirds of its musicians, having failed to pay them for months. The professional musicians have been replaced by students. Unpaid, of course. Don’t go there.

The country’s flagship orchestra, the Brazilian Symphony (OSB), has not paid its musicians for half a year and seems to be on the verge of collapse.

The opera house in Rio has its artists on the streets, begging for food.

There is no plan to address the disaster. The Government seems not to care that cultural institutions are being wiped out and the country’s cultural reputation is reduced to junk. There may still be an awful lot of coffee in Brazil but there will soon be no artists left to drink it.

Brazilian musicians abroad tell us that they look on in horror as their heritage is wiped out.

But there is no going back. An invitation to artists to perform in Brazil cannot be accepted at a time when the country’s professional musicians are being left to starve. Brazil must put its cultural houses in order before the rest of the music world will restore its professional status.

Cancel the carnival. These are tragic times.

Translation in Portuguese by Antonio Seixas:

Não demorou muito para que o Brasil fosse considerado uma potência, sede dos Jogos Olímpicos e um modelo para economias emergentes.

Hoje, o país está nitidamente quebrado, incapaz de cumprir suas obrigações financeiras em qualquer nível – incluindo o campo cultural.

Ontem o Teatro São Pedro, em São Paulo, despediu dois terços de seus músicos, não tendo conseguido pagá-los por meses. Os músicos profissionais foram substituídos por estudantes, não remunerados, é claro. Não compareçam a este teatro.

A principal orquestra do país, a Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB), não paga seus músicos há meio ano e parece estar à beira do colapso.

Os artistas do Teatro Municipal do Rio de Janeiro estão nas ruas, implorando por comida.

Não há nenhum plano para resolver este desastre. O governo parece não se importar que as instituições culturais estejam sendo destruídas e a reputação cultural do país seja reduzida a lixo. Ainda pode haver uma enorme quantidade de café no Brasil, mas em breve não haverá mais artistas para bebê-la.

Músicos brasileiros no exterior nos dizem que observam com horror a forma como sua tradição está sendo aniquilada.

Mas não há volta. Um convite aos artistas internacionais para tocar no Brasil não pode ser aceito num momento em que os músicos profissionais do país estão morrendo de fome.

O Brasil deve reestruturar suas organizações culturais antes que o mundo da música possa restaurar o seu status profissional com o país.

Cancelem o carnaval. São tempos trágicos.